BREVE INTERPRETAÇÃO HISTÓRICO-GEOGRÁFICA DAS MEÃS
Meãs situa-se na parte norte do concelho da Pampilhosa da Serra, nas faldas do Picoto de Cebola, o pico mais alto da serra do Açor, com
A água é abundante, há muitas nascentes e a ribeira nunca vai seca. Se há recurso em que as Meãs, ainda hoje é rica, é em água.
Por outro lado, os grandes bosques-pomares de castanheiros, (os soutos) carinhosamente tratados pelas gentes de tempos recuados, que os adubavam e limpavam, davam abundante fruto e as fomes que em séculos passados assolavam o país, provavelmente não se fariam sentir aqui.
Outro recurso importante eram as extensas zonas de pastagens de montanha que permitiam criar muito gado, especialmente o caprino. Todos os anos os pastores, com o auxílio do fogo, renovavam as pastagens, a erva crescia tenra, no meio dos rebentos da carqueja, do sargaço e da urze. Nas encostas mais férteis cultivava-se também o centeio.
Estes recursos, embora não sendo muito abundantes, permitiram, talvez desde os tempos da primeira dinastia, (séculos XII a XIV) atrair gente e povoar esta serra.
Pertence à freguesia de Unhais-o-Velho e sobre as origens, quer das Meãs, quer da sede de freguesia, permanecem muitos factos e documentos por desvendar. É muito provável que a criação da freguesia, esteja ligada ao concelho da Covilhã, dada a lenda do “velho de Unhais”. Esta zona seria integrada neste concelho, pois talvez a gente que a povoou daí fosse originária. As semelhanças linguísticas com a Cova da Beira, e com largas zonas da Beira Baixa, atestam-no. A pronúncia da língua portuguesa também afasta a população destas bandas da serra, da do outro lado, do concelho de Fajão, que é muito mais parecida com a de Coimbra.
Nesses tempos do início de Portugal, o concelho da Covilhã ia, ao princípio, desde a serra da Estrela até ao Tejo, abrangia até a Pampilhosa da Serra. Mais tarde, foi sendo amputado: Castelo Branco e a Idanha foram doados aos Templários e no século XIII, por foral de D. Dinis, também a Pampilhosa se separou. Foi também no século XIII que foi criado o concelho de Fajão, mas nem as Meãs, nem Unhais estavam integrados
Certo é então, as Meãs ser a segunda aldeia mais antiga da freguesia, logo a seguir à sede. A freguesia de Unhais-o-Velho na sua expansão chegou às Meãs e é provável que alguns dos primeiros moradores, fossem originários da sede de freguesia. As condições de vida nessa segunda povoação seriam boas, já que a população ultrapassou em número a da sede, tornando-se em 1960, a terceira maior do concelho.
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Isabel Tomé